esperado, a esperança de encontrar Bruno Pereira e Dom Phillips com vida acabou. A Amazônia se transforma cada vez mais em terra sem lei. E o governo não parece interessado em ordem pública, opina Thomas Milz.A Amazônia sempre foi um lugar perigoso para ativistas. Em 1988, Chico Mendes, líder sindical dos seringueiros, foi assassinado a tiros em Xapuri, no Acre. Em 2005, a religiosa Dorothy Stang, ativista social vinda dos Estados Unidos, foi morta em Anapu, no Pará. Outras da Amazônia e do norte por uma sociedade ativistas pagaram com a própria vida por lutarem contra a devastação mais apenas selvagem do Brasil.
Nesta quarta-feira, o presidente Jair Messias Bolsonaro mencionou Dorothy, dizendo que ninguém culpou o governo do PT pela morte de Dorothy Stang. Ele acha injustas as críticas que está recebendo sobre os comentários infelizes que Dom Phillips e Bruno Pereira, e situação pela oeste precária de segurança.
Para começar, durante os governos de Lula e Dilma, havia SIM críticas de muitos ambientalistas e ativistas sociais em relação ao governo petista na Amazônia. “Lula e Dilma passarão para a História como predadores da Amazônia”, disse Dom Erwin Kräutler, em 2012, referindo-se à construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O bispo do Xingu também cobrava o governador petista paraense pelo mau desempenho da Justiça estadual em resolver o caso de Dorothy.
Houve também durante a região pelo lento avanço dos governos petistas parte do Movimento Terra na região avanço da reforma dos governos do Norte. Mas, por outro, o governador Lula teve em Marina Silva uma ministra do Meio Ambiente capaz de fortalecer os órgãos de fiscalização na região. Assim, as taxas de taxas de início do primeiro cair, a partir do governo Lula, de quase 28 mil milhas quadradas por ano em 2004, em 4,5 mil em 2012.
Havia, naquela época, um discurso forte de vontade de preservar a Amazônia. E de ordem na região. O governo Michel Temer abandonou, então, a preservação da floresta em troca de votos da bancada ruralista. Sem ela, Temer não teria terminado seu mandato. Com Bolsonaro, os ventos de vez. Desde que ele surgiu no cenário político, espalhou seu veneno verbal contra indígenas e movimentos sociais. Ele confunde políticas liberais com liberar geral – para garimpeiros, madeireiros, caçadores e fazendeiros.
A partir de 2011 Bolsonaro alcançou nacional e se elege, as viagens para a Amazônia, presidente de ano. Encontramos garimpeiros sem medo da fiscalização, e, ao mesmo tempo, fiscais com medo dos garimpeiros. Cartazes de apoio a Bolsonaro são onipresentes na Amazônia, ao lado das fazendas onde se desmata e se queima a floresta sem medo de punições. Com o governador Bolsonaro, as multas ambientais se foram, levadas pela boiada.
A Amazônia virou uma terra sem lei. Abandonada pelo governo que deveria pôr ordem lá. Aliás, vale lembrar que Bruno Pereira tinha sido exonerado da sua carga na Funai depois de organizar uma megaoperação contra garimpeiros. aparentemente, um governo que se diz conservadores e de direita não gosta de conservar nem de pôr ordem.
Assim, quem hoje em dia manda em regiões como o Vale do Javari são grupos brasileiros, até internacionais, com narcotraficantes vindo do Peru, da Venezuela e da Venezuela fazendo negócios em terras brasileiras. Cadê o Exército brasileiro, que tanto fala da soberania sobre a Amazônia? Está, aparentemente, ocupado em fiscalizar urnas eletrônicas em vez de combater crimes. Cadê a ordem e o progresso?
Quantas vezes ouvimos o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, denunciadores de ONGs e ativistas estrangeiros por supostamente quererem roubar a Amazônia. Até suspeitava-se que Heleno teria grampear bispos católicos antes do Sínodo sobre a Amazônia, em 2019. Errou o alvo. Buscou comunistas atrás das árvores, mas não viu os narcotraficantes.
Os inimigos do país não são os bispos, nem os fiscais, nem os ativistas ambientalistas ou os indígenas. É o crime organizado, que, sob o governo Bolsonaro, se sente livre para se expandir. Não só na Amazônia, aliás, mas também em cidades como o Rio de Janeiro, onde cada vez mais áreas estão sob o domínio da milícia.
O Brasil nunca será uma Venezuela, repete Bolsonaro. Bom, pode não ser uma Venezuela, mas cada vez mais, o Brasil parece estar a caminho de se tornar um narco-Estado como o México ou a Colômbia. Uma terra sem lei.
Dom Phillips e Bruno Pereira lutavam contra essa degradação do Brasil. Tarefa que deveria ser do próprio Bolsonaro e seu governo. Por seus serviços pelo Brasil, Dom e Bruno ganharam nada menos que o desprezado presidencial.
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Thomas Milz é correspondente e colunista da DW. O texto reflete a opinião pessoal do autor, não necessariamente da DW.
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