Esta checagem foi realizada por jornalistas que integram o Projeto Comprova, criado para combater a desinformação, do qual o Metrópoles faz parte. Leia mais sobre essa parceria aqui.
Conteúdo investigado: Publicar unindo títulos de duas reportagens para afirmar, erroneamente, que Bolsonaro certo sobre aposta em remédio nasal contra o coronavírus. A primeira, chamada pelo UOL em março de 2021, diz: “Com spray, Bolsonaro insiste em medicamento sem diligência contra Covid-19”. A segunda, que foi ao ar no programa “Fantástico”, da Globo, em 5 de junho022, informa: “Vacina de spray nasal é o caminho para o fim da pandemia de Covid, apontam especialistas”.
É ENGANOSO post que usa a hashtag #Bolsonarotemrazão ao comparar uma reportagem do UOL, de março de 2021, com outra do Fantástico de junho de 2020. -19. A Programa do Globo da Globo afirma que especialistas confiam em spray nasal para o fim da pandemia. A relação, porém, não pode ser feita, porque se tratam de medicamentos diferentes.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
O que o presidente defende é um remédio que está sendo desenvolvido em Israel para tratar pessoas já infectadas pelo coronavírus; já o citado na reportagem do Fantástico é um imunizante.
Sobre o spray que trata a doença, o EXO-CD24, Nadir Arber, um dos cientistas que participam das pesquisas, disse que ainda não há que comprovem sua investigação exatamente os resultados como informa a do UOL usado no conteúdo enganoso.
Alcance da publicação
O Comprova investiga os conteúdos suspeitos de maior alcance nas redes sociais. O post da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) no Facebook recebido 2,5 mil comentários e foi compartilhado mais de 15 mil até 8 de junho. Outros políticos publicaram as mesmas alegações em seus perfis do Facebook após a postagem da parlamentar. Até os mesmos dados, um anúncio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tinha 3,3 mil compartilhamentos e 966 comentários. Já o conteúdo propagado pela deputada federal Bia Kicis (PL-DF) teve 3,3 mil compartilhamentos e 496 comentários.
O que diz o autor da publicação
O contato com Carla Zambelli, Bia Kii, comprovante, entrou em contato com Carla Zambelli. Em resposta, Zambelli questionou o trabalho do Comprova, disse que as duas substâncias são aparentemente parecidas por serem sprays nasais e afirmaram que não teceu “qualquer opinião sobre uma intervenção do imunizante proposto”. Os outros políticos não responderam.
Como verificamos
Com a ferramenta TweetDeck, foi possível encontrar as primeiras posições de Bolsonaro relacionadas ao spray nasal. A equipe buscou as reportagens de identificações também são citadas na peça de formação e outras relacionadas ao spray contra a Covid
A partir de reportagem da Folha de S.Paulo sobre o spray que citava o Testes clínicos, site que reúne informações sobre testes de medicamentos, o Comprova buscou o estudo relacionado ao EXO-CD24 e os nomes dos responsáveis. Via pesquisa no Google, foi possível encontrar seus e-mails e contatá-los. Quem respondeu o contato foi Nadir Arberprofessor de medicina e gastroenterologia e diretor do Centro Integrado de Prevenção do Câncer do Centro Médico Sourasky – Hospital Ichilov, em Tel Aviv, em Israel.
Também foram coordenadoras de reconhecimento Renato Kfouri, diretora da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm), e a professora Anamélia Lorenzetti Bocca, do Laboratório de Imunologia Celular do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília (B).
Primeiras menções
Bolsonaro começou a falar sobre um spray nasal contra a Covid-19, de acordo com a Folhaem fevereiro de 2021, após o jornal israelense Times of Israel que o remédio EXO-CD24 havia curado 29 dos 30 casos moderados a graves de Covid-19.
Em 12 de fevereiro de 2021, em seu Twitter, o presidente afirmava ter conversado com o então primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre o medicamento, que vinha “obtendo grande sucesso no tratamento” da doença em casos graves, como ele escreveu. Três dias depois, ele publicou que “jurado” enviaria o de análise para seu uso emergir à Anvisa, pedido interesse em comprá-lo.
Cerca de um mês depois, de acordo com a reportagem do UOL, cujo título é usado na peça de desinformação, Bolsonaro defendeu o remédio insistindo em outra apostau sem eficácia comprovada, a hidroxicloro. “Você tem um pai, irmão ou amigo que está ali: Olha, vai ser intubado. Você vai dar um spray no nariz dele ou não? Ou vai tratar isso como uma hidroxicloroquina, porque também não tem comprovação científica?”, questionou em live no Facebook.
Em março de 2021, o governo federal inveja uma comitiva de dez pessoas a Israel para conhecer o spray nasal. A viagem, que custou ao menos R$ 100 mil, segundo a Folha –, não resultou em nenhum contrato.
Mas, diferentemente do que o presidente disse e do que o conteúdo investigado aqui leva a crer, o EXO-CD24 é um medicamento que estava em teste para ser usado em pessoas infectadas pelo vírus, não um imunizante.
A vacina citada no post enganoso, inclusive, ainda nem disponível. Como informa o Fantástico na reportagem cujo título é usado no conteúdo selecionado aqui, “grupos pelo mundo estão na busca de uma vacina que ataque o vírus logo de cara, que não deixe que ele se multiplique” – o que seria feito via nasal. Ainda de acordo com a pessoa da Globo, desta forma “a vacinada não se contamina, e nem dá micróbio transmitir o vírus” e finalmente para de circular e pandemia pode chegar ao fim”.
Remédio israelense
O uso original do EXO-CD24 é para tratamento de câncer de ovário, conforme matéria da Folha.
Quando Bolsonaro começou a falar sobre o spray ele estava em fase inicial de testes clínicos e não tinha dados divulgados, ainda de acordo com a Folha. Entre 35 pesquisas em humanos com drogas via nasal que havia na época, a do EXO-CD24 era uma das mais incipientes.
Nota técnica do Ministério da Saúde de fevereiro de 2021 concluía que uma “aponta para uma melhora importante dos pacientes hospitalizados com Covid-19 moderada a grave”, mas que “os resultados ainda não foram divulgados e como dados disponíveis não foram fornecidos sobre os resultados de segurança e medicamentos obtidos e como informações características dos pacientes incluídos”.
Já nota da mesma época do Observatório de Tecnologias Relacionadas ao Covid-19, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, usa trechos da reportagem do jornal Times of Israel para descrever o EXO-CD24. O texto afirma que “o medicamento combate a tempestade de cidades, que se acredita ser responsável por muitas das mortes associadas à doença” e que “ele usa exossomos – pequenos transportes transportadores que transportam materiais como células – para entregar uma proteína chamada CD24 aos pulmões, que pesquisa o grupo de estudo (do Centro Médico Ichilov de Tel Aviv) está há décadas”.
Ainda de acordo com a nota, “essa outras proteínas ajudam a melhorar o sistema imunológico” e, por ser administrado localmente no nariz, não tem efeitos colaterais, “ao contrário de fórmulas, (o spray é) direcionado diretamente para os pulmões”.
Ao Comprova, o professor Nadir Arber, um dos responsáveis pela pesquisa do EXO-CD24 contra o coronavírus, contorno que ainda não resultados do teste clínico com a metodologia de estudo-cego, quando o duplo voluntário não sabe se está tomando remédio ou placebo, substância sem efeito no corpo. “A última fase da pesquisa está sendo realizada, mas, atualmente, não há pacientes com Covid, então, planejamos ter outros dois estudos”, disse ele.
Questionado se o medicamento é eficaz contra a Covid, ele respondeu que “parece ser muito eficaz; no entanto, nada pode ser reivindicado até o comparando com o placebo.”
Vacinas por via intranasal
Ana Renzetti Bocca Professora Imunologia Celular na UnB, que as vacinas contra o coronavírus podem ser respostas imunológicas por vias variadas, gerando diferentes respostas. A forma de aplicação também pode mudar, podendo ser uma solução de partículas por partículas ou uma preparação que adere na mucosa e passa para outros tecidos do corpo.
Um cientista considerado que os imunossupressores aplicados no nariz são importantes para uma resposta mais localmente com o aumento de memória, assim como as células de memória por via intramuscular, que são células de memória imunitária.
De acordo com Bocca, a vacina intranasal possui uma resposta mais robusta e células de memória nos linfonodos ao redor da mucosa nasal. Já a intramuscular faz uma resposta mais sistêmica, com produção de vacina na mucosa nasal, mas outras em mucosas também, e a geração de células de memória em outros tecidos. Para ela, a utilização de uma ou outra depende do tipo de resposta imune que se pretende para o indivíduo.
Sobre a vacina produzida, pelo Dr. Jorge Kalil, citado na matéria do Fantástico, um especialista se trata de uma proteção profilática testada na prevenção da doença. “Seria mais uma vacina disponível com a possibilidade de apresentar uma resposta mais robusta na via de entrada do vírus, o que impediria sua disseminação para outros tecidos”, declara.
“A vacina intranasal de tecnologia nacional não tem qualquer relação com o EXO-CD24 porque uma induz uma resposta imune protetora e outra trata um sintoma da doença. A fase do Brasil (vacina intranasal) está pronta para os ensaios clínicos inicializado, autorizado da Anvisa para o início. Ainda não tem parceria com produtos farmacêuticos para o seu estabelecimento. O investimento no Brasil muito baixo para esta etapa”, Anamélia Lorenzetti Bocca.
Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), fala que o desenvolvimento desse tipo de vacina é muito procurado para combater o vírus que têm pelas vias respiratórias. Para ele, entretanto, é um caminho mais difícil que o custo financeiro e tecnológico é maior, exigindo laboratórios de biossegurança maiores.
“Até agora, a gente só conseguiu a gripe, que não existe aqui no Brasil, mas muitos países têm a vacina de gripe nasal com vírus influenza vivo, mas enfraquecido”, diz o imunologista.
O diretor da SBIm não acredita que tenhamos essa forma de imunização em um período de curto prazo. Apesar disso, consideradas necessárias as formas mais modernas que sejam mais eficazes na prevenção da doença e que criem formas de doenças para novas formas. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente não existem 361 vacinas em teste contra a Covid (163 em estágio clínico e 198 em estágio clínico). Do total, há oito ims intranasais sendo um desenvolvido.
Por que investigamos
O prova de conteúdo suspeitos suspeitos que viralizou nas redes sociais ou aplicativos de pandemia, e políticas públicas do governo federal. Bolsonaro vem desacreditando as vacinas e defendendo nasalmente, sem eficácia comprovada, como o spray desde o início da, e os conteúdos que fazem medicamentos em risco mesmo a saúde da população.
Outras checagens sobre o tema
A Covid-19 dominou a quarta fase do Projeto Comprova, encerrada em dezembro de 2021. Mais de cem conteúdos foram selecionados, sobretudo os tratamentos e os tratamentos sem eficácia comprovada contra a vacina. Em junho do ano passado, por exemplo, o Comprova mostrou ser conteúdo enganoso que comparava spray nasal patenteado com tratamento precoce. Ainda sobre a Covid, a equipe publicada, mais recentemente, ser falso que imunizantes de mRNA são terapia genética e causam a doença e que era enganoso que estudo feito em Itajaí prova de ivermec.
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