O ouvidor das Polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, afirmou nesta sexta-feira, 27, que considera uma ‘execução’ a morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, asfixiado após uma viatura da corporação ser transformada em ‘câmara de gás’ em Umbaúba, no interior de Sergipe. Lopes indicou que o vídeo que registra a abordagem dos PRFs à Genivaldo contém ‘cenas de horror similares ao holocausto’, classificando o episódio como ‘barbárie’.
“Qualquer ser humano que viu aquela cena não tem como não tratá-la como deplorável, injustificável. Porque tratou-se de uma execução, a sangue frio. E usando uma das piores marcas, que foi resultante inclusive da Segunda Guerra Mundial, câmara de gás. A viatura evidentemente não é uma câmara de gás. Mas ela se assemelha a uma câmara de gás como cenas que nós ali”, afirmou ao Estadão.
O ouvidor é um dos subcritores de pedido endereçado aos agentes de controle da atividade policial e do sistema de segurança federal pela polícia preventiva dos policiais militares protegidos pela morte de Genivaldo. A solicitação já foi enviada ao Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal, e também será remetida à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Também assinam o ofício dos ouvidores do Pará, Maria Cristina Fonseca de Carvalho, de Pernambuco, Jost Paulo Reis e Silva, de Mato Grosso, Lucio Andrade Hilário do Nascimento, do Maranhão, Elivânia Estrela Aires e do Rio Grande do Norte, Dimitri Sinedino Costa de Oliveira.
A avaliação de Lopes é a de que a prisão dos PRFs deveria ter sido decretada em flagrante, em razão da ‘barbárie’. A avaliação dos ouvidores é a avaliação do episódio consistiu em crime hediondo: “Por essa razão resolvemos fazer essa representação”, explicada.
Para Lopes, uma representação feita pelo grupo é uma reação robusta, ‘de forma contundente, sem tangiversar, levando em conta os elementos da lei e como provas que estão circulando pelo Brasil’.
“Não nos restau outra alternativa de que não pedido da prisão preventiva desses agentes. Sem prejuízo evidentemente de eles responderem pelo direito do devido processo legal que todo mundo tem. Mas, repugnante a cena. E é o mínimo que as autoridades têm que fazer. Porque esse crime não afeta só a família. Ele afeta Humanidade. É um crime que é repudiado no mundo. Isso vai ficar uma mácula na história do nosso País”, afirmou o ouvidor.
Questionado sobre a teoria da comunicação de ocorrência policial sobre o caso, na qual cinco agentes da PRF classificaram a morte de Genivaldo como uma ‘fatalidade desvinculada da ação policial natural’, Lopes diz que trata-se de uma ‘mentira’.
“Basta ver as cenas. Eles além de tudo estão mentindo. Eles têm a obrigação de falar a verdade. São agentes públicos e como imagens exatamente o contrário. E nós nos reunimos com esses ouvidores porque eles se reuniram com eles. Eles cometeram um crime hediondo”, reforçou.
Como mostrado no blog, o documento dos PRFs atribuiu à Genivaldo afirma ‘delitos desobediência e resistência’ e alegou que foi empregado ‘legitimadamente o uso diferenciado da força’ no caso, com uso de gás de pimenta e gás lacrimogêneo para ‘conter’ a vítima.
“A justificativa do uso de gás, spray, situação é uma tapa na cara da sociedade. O que aconteceu ali é muito desumano. Eu não consegui pensar em outra cena que não fosse da câmara de gás. Não me veio na minha mente uma outra cena. E a pessoa grita”, afirmou ainda o ouvidor.
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