Filmes são sempre uma ótima forma de contar uma história de forma didática e visual. Nesse sentido, a obra “Pureza” mostra a atuação brilhante de uma mulher maranhense na luta contra o trabalho escravo em 1993. Pára e não mandou notícias.
Protagonizado por Dira Paes, o longa-metragem estreia no cinema nesta quinta-feira (19). A obra teve sua filmagem em 2019, no entanto, o advento da pandemia atrasou a exposição ao público. Mesmo assim, o trabalho com direção de Renato Barbieri já ganhou 28 prêmios nacionais e internacionais.

Fonte: Divulgação
Uma saga pela liberdade
De início, o filho de Pureza Lopes Loyola chegou de Bacabal (MA) dizendo que iria trabalhar em um garimpo no Pará. No entanto, passou-se um mês e nada da mulher ter notícias quanto à chegada de sua caçula no destino. Dessa forma, a mãe em desespero pegou uma bolsa, uma bí, uma foto de Antônio Abel e saiu à procura de seu filho.
“Passava de cinco a seis dias sem comer, enfezada como boi brabo. Mas passaria por cima das leis do Brasil e do inferno por causa do meu filho”, relata ela ao Universa. Durante sua trajetória, Purezaár em diversas fazendas enquanto procurava por seu filho.
Ali, na convivência com os peões, ela se deparou com um regime de trabalho nada humano nas devastações das matas nativas para colocação de pasto. Basicamente, os patrões confiscaram os documentos dos trabalhadores e cobravam por tudo o que eles usavam dentro das fazendas. Nestes locais, o eram funcionários obrigados a ficar o dia todo produzindo dívidas com seus chefes, uma vez que eles comiam, dormiam e usavam ferramentas.

Fonte: Donald Tong
No fim dessa história, os peões tinham um débito maior do que o baixíssimo salário que recebiam. Logo, torna-se impossível sair das garras dessa forma de trabalho escravo, que ainda por cima, produziria castigos físicos e psicológicos. “Ficava observando, meu cérebro fotografando tudo. Eu e Deus. Ali, eu só pedia para que nem onça, cobra ou homem matassem”, conta Pureza.
Portanto, ao ver que aqueles trabalhadores estão passando, a maranhense desconectado que seu filho amado pode estar vivendo o mesmo. Por isso, ela decidiu que as consequências para salvar seu rapaz até a situação cada vez mais desumana foram as últimas.
Das fazendas para o presidente da República
Depois de três anos vendo absurdos Pureza decidiu que iria encontrar maneiras de acabar com aquele sistema escravagista que poderia estar aprisionando seu filho.
Então, ela voltou às terras maranhenses e recebeu a ajuda da Comissão Pastoral da Terra. Basicamente, essa instituição colocou a mulher em contato com o Ministério Público do Trabalho no Maranhão, no Pará e em Brasília. Além disso, ela escreveu cartas para três presidentes da República: Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, porém, apenas o segundo respondeu Pureza.

Fonte: DW Brasil
De acordo com ela, havia muito descrédito das pessoas sobre o que ela falava. Por isso, suas viagens a Brasília, por muitas vezes eram improdutivas e não geravam resultados efetivos. Assim ela manterá a esperança de, e de quebra de quebra, encontrar seu filho ainda no estado do Pará.
“Mas a esperança nunca perdi. Essa aí reinava, mais do que eu: na minha mente, parecia que eu estava vendo meu filho perto de mim. Não desisti”, diz ela. Assim aconteceu, sua caçula estava realmente perto, pois suas movimentações geravam notícias até nas rádios do Mato Grosso, estado em que Antônio Abel estava.
Sendo assim, Pureza finalizou sua busca ao seu filho e ainda começou uma nova batalha: o fim do trabalho escravo no Brasil. Em 1995, o país criou o Grupo Especial Móvel de Fiscalização do Trabalho Escravo. Em síntese, essa equipe une procuradoresauditores do trabalho e consultores, quais são os responsáveis pela condição de trabalho.
De lá para cá, essa força-tarefa já libertou cerca de 57 mil pessoas do trabalho escravo. Tudo isso teve um forte impulso graças à luta de Pureza, que inclusive, ganhou o prêmio da Anti-Slavery International, uma entidade que combate esses regimes.
Fonte: Universo.
Esse conteúdo Pureza Lopes e sua luta para salvar seu filho do trabalho escravo foi criado pelo site Fatos Desconhecidos.
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