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A pesquisa Panorama Político, realizada pelo Instituto DataSenado, ouviu 5.850 pessoas e foi divulgada recentemente, mostrando que mais gente se diz de direita (21%) do que de esquerda (11%) no País. Mostrou, também, que o contingente dos que se consideram de centro é ainda menor: apenas 9%. Outros 55% dos ouvidos mostram dificuldade em se situar politicamente e afirmam que não se reconhecem nem como de centro, nem como de direita, nem como de esquerda.
Indo adiante na leitura da pesquisa vê-se que a maioria das pessoas não sabe muito bem o que é ser de direita ou de esquerda. Aliás, muita gente considera que as noções de direita e esquerda já não têm mais sentido.
Isso é uma ilusão. Enquanto houver desigualdades sociais, haverá quem não as aceite passivamente e queira combatê-las. E haverá quem as considere normais e inevitáveis. Num sentido mais amplo, pode ser dito que os primeiros serão de esquerda e os outros, de direita.
A mesma pesquisa da DataSenado mostra que, embora a maioria se reconheça como de direita, há uma maior adesão a bandeiras defendidas pelos setores progressistas da sociedade, mais identificados com a esquerda, o que, aparentemente, seria um contrassenso.
Senão, vejamos,
Dos entrevistados, 76% criticam o preconceito contra homossexuais, que consideram muito grande no Brasil. E são críticos a ele.
Já 72% afirmam que o governo brasileiro não preserva de forma adequada o meio ambiente. E não concordam com isso.
Vê-se, portanto, que nessas duas questões se alinham com a esquerda.
Outra surpresa aparece quando se veem respostas sobre a influência da religião nas escolhas políticas. Embora a ampla maioria (82%) afirme que a religião é muito importante na sua vida, 58% afirmam que a religião não influencia nas escolhas políticas que fazem – outra aparente contradição.
Ainda sobre religião e política, pouco mais da metade dos entrevistados (52%) discorda de que seja positivo líderes religiosos assumirem cargos políticos.
Em relação às urnas eletrônicas – hoje o principal alvo do presidente Jair Bolsonaro para tentar justificar um golpe de estado que impeça sua derrota nas eleições de outubro – a maioria (66%) afirma confiar nelas. Só 32% têm posição contrária.
Como se vê, a principal bandeira de Bolsonaro para torpedear um resultado eleitoral adverso, e criar condições para uma virada de mesa, tem o apoio de menos de um terço dos eleitores.
Uma boa notícia, sem dúvida.
Por fim, na contramão do que afirmam Bolsonaro e seus amigos milicianos, 69% consideram que facilitar o acesso a armas de fogo não vai aumentar a segurança das pessoas.
Aliás, corroborando essa tese vale lembrar uma historinha ocorrida há não muito tempo: um cidadão foi assaltado por três adolescentes em Vila Isabel, um bairro de classe média do Rio de Janeiro. Perdeu a moto, a carteira, os documentos e uma pistola que trazia consigo. A vítima era uma pessoa supostamente bem preparada para usar armas de fogo: um capitão de nome Jair Bolsonaro.
Mesmo assim, considerou mais prudente render-se aos bandidos para preservar a vida. Foi um gesto sensato. Coisa rara nele.
É verdade que os bens foram recuperados poucos dias depois. Talvez isso tenha ocorrido devido às estreitas relações da vítima com policiais. Isso talvez explique, também, o fato de os jovens assaltantes terem sido assassinados.
De qualquer forma, o episódio mostrou, mais uma vez, que as pessoas andarem armadas não contribui para evitar assaltos. Pelo contrário: só fará com que problemas corriqueiros no trânsito ou desavenças de vizinhos acabem sendo resolvidos com tiros.
Assim, um mínimo de bom senso mostra às pessoas – sejam elas de esquerda ou de direita – que transformar nossas ruas num faroeste só aumentará a insegurança para todos. Têm, portanto, razão, os quase 70% que responderam dessa forma na pesquisa.
Mesmo que as vítimas da violência sejam oficiais do Exército.
Chico Alencar, historiador e professor, é vereador do PSOL no Rio. Artigo transcrito do site https://revistaforum.com.br/
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