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Lula não é nem nunca foi uma ameaça à democracia. A tendência de Lula, por sua própria formação de líder sindical e os limites que a sociedade lhe impõe, é da negociação para política consensual, que atenda ao mercado e a programas sociais ao mesmo tempo.
O PT é constituído por três grupos. O grupo do sindicalismo do ABC Paulista, de natureza reivindicatória; o grupo proveniente da esquerda estudantil dos anos 60, politizado e, em alguns segmentos, mais radical, mas com o radicalismo no passado, hoje retórico; e o grupo proveniente da esquerda católica dos anos 60, politicamente moderado. O grupo sindicalista é majoritário e o mais representativo desde o primeiro governo de Lula em 2003. Os problemas ocorridos de corrupção no governo deverão ser avaliados.
As restrições à uma possível radicalização do PT no governo vem, principalmente, das Forças Armadas, não excludente ao PT, mas limitadora de suas ações, no jogo do equilíbrio político da sociedade brasileira. A convivência das Forças Armadas com o PT, entretanto, tornou-se pacífica como demonstrado no período de governos do PT de 2003 a 2015. Em pesquisa nacional da Sensus para o Exército Brasileiro, mostrou-se que o conjunto das pessoas físicas da corporação e a população brasileira pensam de formas equivalentes, posto ser o Exército uma amostra da população brasileira.
O PT assemelha-se mais à prática da Social-Democracia Europeia do que a lideranças populistas da América Latina. Em todos os países do mundo, os trabalhadores manuais cresceram em até 25% da população economicamente ativa, não extrapolando estes limites. Para ganhar as eleições em 2º turno, os partidos de esquerda abriram mão da representação única dos trabalhadores para a obtenção dos votos acima dos 50%. Segundo Adam Przeworski, nas Social-Democracias formou-se um pacto de rotatividade entre a classe empresarial e os trabalhadores, onde se é garantido o mercado com a alocação de recursos para a área social, dentro dos limites da democracia. Toda a política social de auxílio direto de Lula em seu governo foi feita com aproximadamente 0,5% do PIB, com significativos ganhos econômicos e sociais. Lula hoje, entretanto, tem se expressado por muitas vezes de forma polêmica, podendo gerar instabilidade no seu eleitorado.
Já Bolsonaro, com pior desempenho econômico, tem se expressado continuamente em prol da quebra da ordem institucional. Bolsonaro vem de uma relação complicada dos anos 80 com o Exército Brasileiro, mas, como atual Comandante em Chefe das Forças Armadas e na proximidade de setores pontuais do Exército, nutre a intenção da continuidade no caso de derrota nas urnas, com o não reconhecimento de seus resultados. As eleições de 2022 terão como temas a economia, a democracia e a corrupção, adicionadas ao Covid e programas sociais. Eleição mais para Lula do que para Bolsonaro, certamente.
Ricardo Guedes é Ph.D. pela Universidade de Chicago e CEO da Sensus
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