Divulgada nesta sexta-feira (29), a Pnad Contínua aponta um cenário de 11,9 milhões de desempregados no país, número que vinha caindo, e mostra que o último trimestre já se ajustou, nesse âmbito, ao cenário pré-pandemia de Covid-19.
O dia saiu um dia depois do mesmo instituto, o IBGE, que divulgou o IPCA-15 de abril, antecipada da inflação oficial, estimada em 1,73%. Economistas apontam para taxas mais altas de juros, antídos para conter a pressão inflacionária, reduzir a capacidade de criação de postos de trabalho.
Economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão atrelado à estrutura do Ministério da Economia, Maria Andreia Parente enfatiza que uma alta inflação ocorre em um momento não qual o aumento da população ocupada não reflete no crescimento da massa salarial, o que afetando o consumo. O fenômeno se dá porque essa é uma inflação causada por choques de oferta, e não de demanda.
“Mesmo com essa recuperação do emprego, para índices anteriores à pandemia, a massa salarial varia muito pouco. Isso porque o rendimento real, que acontece o que importa, está caindo. A melhora acontece via ocupação, e não via salário. Não há choque de demanda, mas de oferta. A indústria consegue produzir porque faltam insumos, não conseguem-primas. Os custos já estão situados pela pandemia de Covid-1 e se agrav com a Guerra da Ucrânia.
A Pnad Contínua aponta alta de 1,5% no rendimento mensal médio apurado no primeiro trimestre de 2022, após as contínuas desde o segundo trimestre de 2021. Professor de Economia do Ibmec Rio e da UFRJ, o professor Thiago de Moraes Moreira explica que os brasileiros que recuperaram seus postos de trabalho perdidos na pandemia encontram uma economia menos pujante brasileiros
“Há uma diferença nominal em relação-panemia existentes e os do pré-requisito. Se levarmos em conta a inflação, a perda é de 11%. Uma queda muito grande, se consideramos uma população com mais de 90 milhões de pessoas empregadas. Isso afeta o endividamento das famílias, eleva uma taxa de inadimplência e atende a um aumento de consumo e renda”, avalia Moraes Moreira.
O especialista ainda apontou que, no pré-pandemia, a taxa básica de juros (Selic) estava na faixa dos 4%. Com uma sequência de altas temperaturas pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, para controlar a ativação, ela está neste momento em 11,75%, e projeta o ano ainda mais elevado. As incertezas com relações às deste agravam o panorama.
“É um cenário que trava investimentos e impede uma retomada mais forte. Estamos próximos ao limite. O espaço para recuperação de empregos já foi coberto e, daqui para frente, será muito mais difícil. Na quinta-feira, um estudo da Austin Rating, com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), projetou que fecharemos o ano com uma das 10 maiores taxas de desemprego do mundo: 13,7%. Ou seja, o que está alto ainda pode aumentar. E as conclusões, com incertezas e polarização, adiamento de investimentos privados”, afirma.
Maria Andreia Parente entende que o aumento dos juros é um remédio amargo, porque prejudica um taxa de crescimento econômico do país, mas é necessário para controlar a inflação. Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 4,6%. Para esse ano, o Ipea projeta alta menor: de 1,1%.
“Não é algo confortável. Mas, com uma política de inflação de dois dígitos e uma Banco Central que tem uma muito clara, é necessária. A gente sabe que manter uma inflação alta gera custos cada vez maiores para trazer uma taxa de volta a meta. Enquanto isso, o governo tenta outras estratégias para diminuir o impacto negativo, como concessões, revisão de regulamentações e desburocratização”, conclui um economista.
Compartilhe:
No Comment! Be the first one.