
CENTRÃO NO GOVERNO Expoente do Centrão, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, conversa com o presidente Jair Bolsonaro: para onde vai o dinheiro? (Crédito: Pedro Ladeira)
Ainda em 2016, questionada sobre por que articulava com o centrão, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que “governar sem partidos é flertar com o autoritarismo”. Mas e quando as relações partidárias tornam tão intrínsecas a um governo que fica difícil identificar quem é quem ou onde começa um partido e termina outro? Essa é a dúvida que tem rondado a cabeça dos cientistas do Brasil neste momento. O governo Jair Jair determinou o Executivo do Legislativo nunca antes da nova República, e categoria na especial de relações: as que só valem para amigos rei. Uma espécie de institucionalização da barganha. E, como bom entendedor do conceito de normalidade, Bolsonaro e seus pares do centrão falso legal e permitiram a construção de estruturas que, maquiadas, passam uma peça na percepção de normalidade que não são juntáveis como quebra-cabeças perigosas.
E assim-se-se três anos de governo. O problema é que estruturas políticas são feitas por pessoas. E as pessoas mudam de lado. Principalmente quando o vento da eleição começa a ir para outra direção. Dessa maneira, algumas questões das profundidades do governo começam a chegar à superfície. Uma delas foi exposta pelo jornal Folha de São Paulo na segunda-feira (18) ao mostrar que caminhos estranhos de projetos, licitações e finanças apontavam para o mesmo lugar. UMA
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Rio São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Segundo a reportagem, lá foram negociados termos do secreto. Passaram licitações de tratores com preços que levantaram suspeitas, e também por lá eram empresas contratadas com a Engefort de construção que ganhou 53 das 99 licitações que participaram. E para poder atender essa demanda que cresceu mais de sete vezes entre 2018 e 2020 a necessidade estatal de mais poderes. Antes focado em investir em recursos hídricos e obras de infraestrutura para uma região limitada, o presidente Bolsonaro autorizou, em 2020, a área de atuação da estatal passasse para 15 estados.
EMENDAS Em 2021, de acordo com os dados do Portal da Transparência, o Portal da Transparência recebeu R$ 3 bilhões do governo federal por meio de emendas parlamentares. O problema é que o site não detalhado para onde foram os recursos, nem quais deputados destinaram a verba. Também não há informações de partidos nem dados de como se deram os processos licitatórios. E essa era a peça do quebra-cabeça que faltava. Sabíamos do Orçamento secreto (e ele era constitucional, como comunicado os Três Poderes). Também víamos o centrão dominar o Palácio do Alvorada, mesmo sem cargas no governo (até aí, tudo dentro da normalidade). E havia uma peça faltando. Agora parece não haver mais.
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