
“O varejo agrícola é igual o mesmo há 20 anos. Estamos em criação de um modelo diferente” André Dias, CEO da Nutrienna América Latina. (Crédito: Claudio Gatti )
Desde quando entrou na Nutrien há exatos três anos para comandar a operação brasileira da empresa canadense de insumos e soluções agrícolas, André Dias exerceu dois estilos de executivo. Um homem de bota, para colocar os pés no campo e verificar in loco os desafios dos negócios do campo. O outro de sapato, para escritório moderno da companhia localizada no bairro moderno da Vila Olímpia, em São Paulo. Das incursões nas lavouras trouxe ideias, que se uniram às experiências relacionadas por boa parte dos 1,5 mil colaboradores da empresa no Brasil. Muitos viraram projetos e foram cumpridos a partir da sede administrativa. A série de serviços fertilizantes ativos cara da comercialização, de produtos, sementes e produtos para produtores agronegócios, principalmente. E tem resultados gerados. Após quatro anos no País, a Nutrien faturou R$ 3 bilhões em 2021, 70% a mais do que em 2020.
Para potencializar esses números, Dias anuncia investimento de R$ 600 milhões para este ano, sem contabilizar outros milhões de reais já separados para aquisições. “Estamos em criação e consolidação de um modelo diferente. Vejo aparecendo alguns Walmart [no agro], não vejo ninguém criando a Amazon ou algo pós-Amazon”, disse o agora responsável pela Nutrien em toda a América Latina. O que chama de modelo diferente está amparado justamente em suas visitas aos agricultores. Nelas, observou uma carência de soluções integradas e digitalizadas aos produtores, principalmente aos de pequeno e médio portes, de áreas entre 100 e 3 mil hectares.
“O varejo agrícola é mesmo o mesmo há 20 anos”, disse o executivo. Enquanto isso, a gestão de bens de consumo, de farmácia, de construção e outros tantos isso, de gestão de consumo. Tirar esse atraso é o desafio da Nutrien. O primeiro passo é algumas barreiras de mão de obra. O varejo agrícola teve menos capacidade de talentos ao longo dos anos. A falta de um jogador mundial com know-how e atuação em todo o território nacional registrado para isso. A companhia canadense, que em 2021 faturou globalmente US$ 27,7 bilhões, veio para romper esse estigma e gerar perspectivas de carreira.

O outro avanço necessário é em inovação. A Nutrien se transformou como tradicionais lojas de vendas de insumos agrícolas em centros de experiência. Das 52 unidades espalhadas por Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins, dez já têm um novo conceito: sem estoques, com um espaço de convivência e relacionamento do agricultor com especialistas — inclusive por videoconferência — treinamentos e área de trabalho compartilhado e que ajuda no planejamento das colheitas. Até dezembro, todos os pontos de venda estarão nesse modelo.
Melhoria da logística também está nos planos da empresa. Os centros de maior importância. As compras feitas nos centros de experiências ou pelas plataformas digitais têm entregas programadas na propriedade do cliente, com rastreamento on-line 24 horas. Serviço pouco disseminado entre pequenos e médios produtores rurais. E como já citados plataformas digitais — site e aplicativo — estão sendo formulados para funcionarem como marketplace, em que estarão disponíveis os produtos, seja das marcas próprias da Nutrien, comoland e Sementes Goiás, seja de outros fabricantes, como também de a Financiamentos e até seguros rurais. “Os produtores sentem uma necessidade de agregar em um único lugar todas essas possibilidades”, afirmou André Dias. “O agricultor é mais aberto a mudanças. Adote mais a tecnologia.”
ESTRUTURA Com inovações avançadas e um mercado feito para explorar, a Nutrien pelo Brasil tem muitos estudos muito acima do Produto Inter (PIB,36% em largo trabalho021, em agronegócio feito em estudos aplicados), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Para assegurar o desenvolvimento da empresa, vai dobrar o número de misturadores de fertilizantes — atualmente são quatro, em Araxá (MG), Cristalina e Morrinhos (GO) e Itapetininga (SP). A produção vai saltar para 1 milhão de toneladas por ano. Os consultores de vendas passarão dos atuais 400 para 1 mil até o fim do ano. Vão trabalhar na missão de reinventar o varejo agrícola.
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