
Por Natalia Zinets e Pavel Polityuk
LVIV, Ucrânia (Reuters) – Pelo menos 39 pessoas morreram e 87 ficaram feridas em um ataque com foguete russo a uma estação ferroviária lotada de mulheres, crianças e idosos que tentavam fugir de combates no leste da Ucrânia na manhã desta sexta-feira, disseram autoridades ucranianas.
Dois poderosos foguetes atingiram a estação na cidade de Kramatorsk no que o presidente Volodymr Zelenskiy disse ser um ataque deliberado a civis.
“Sem força e coragem para nos enfrentar no campo de batalha, eles estão destruindo cinicamente a população civil”, disse Zelenskiy em comunicado.
“Este é um mal que não tem limites. E se não for punido, nunca vai parar.”
Zelenskiy disse mais tarde em um discurso em vídeo ao parlamento da Finlândia que nenhuma tropa ucraniana estava na estação no momento do ataque.
A Reuters não pôde verificar o que aconteceu na estação.
O Ministério da Defesa russo foi citado pela agência de notícias RIA dizendo que os mísseis que teriam atingido a estação foram usados apenas por militares da Ucrânia e que as forças armadas da Rússia não tinham alvos designados em Kramatorsk na sexta-feira.
O chefe da ferrovia ucraniana disse que pelo menos duas crianças estão entre os mortos. O prefeito de Kramatorsk, Oleksander Honcharenko, disse que cerca de 4.000 pessoas estavam na estação no momento do ataque.
Pavlo Kyrylenko, governador da região de Donetsk, publicou uma fotografia online mostrando vários corpos no chão ao lado de pilhas de malas e outras bagagens. Policiais armados vestindo coletes à prova de balas estavam ao lado deles.
Outra foto mostrava serviços de resgate combatendo o que parecia ser um incêndio, com uma nuvem de fumaça cinza subindo no ar.
“Os ‘raxistas’ (‘fascistas russos’) sabiam muito bem para onde estavam mirando e o que queriam: queriam semear pânico e medo, queriam levar o maior número possível de civis”, escreveu ele em um post online.
A Reuters não pôde verificar imediatamente as fotos.
ESTAÇÃO LOTADA
“Eles (as forças russas) queriam atingir a estação”, disse o prefeito Honcharenko, opinião compartilhada pelo assessor presidencial Oleksiy Arestovych.
“Deve ser entendido que tais ataques são precedidos por um reconhecimento completo do alvo, pelo menos por drones, artilheiros no solo – é um míssil muito caro e muito difícil e arriscado organizar tais ataques”, disse Arestovych.
“Eles (as forças russas) puderam ver claramente que estavam atacando civis no início da manhã, que havia milhares de pessoas tentando evacuar na estação naquele momento – famílias, crianças, idosos”.
Três trens que transportam evacuados foram bloqueados na mesma região da Ucrânia na quinta-feira após um ataque aéreo na linha, de acordo com o chefe das Ferrovias Ucranianas.
Autoridades ucranianas dizem que as forças russas estão se reagrupando para uma nova ofensiva e que Moscou planeja tomar o máximo de território possível na parte leste da Ucrânia, conhecida como Donbas, na fronteira com a Rússia.
Autoridades locais em algumas áreas têm pedido aos civis que saiam enquanto ainda é possível e relativamente seguro fazê-lo.
A Rússia nega atacar civis em “operação militar especial” destinada a desmilitarizar e “desnazificar” a Ucrânia. A posição do Kremlin é rejeitada pela Ucrânia e pelo Ocidente como pretexto para uma invasão não provocada.
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