Tem causado espanto a forte apreciação do mercado que vemos desde janeiro. Se 2021 encerrou com o real tão enfraquecido, os três primeiros meses deste ano jogaram nossa moeda no sentido contrário. Com o câmbio hoje na casa de R$/US$ 4,6 fica a dúvida da razão forte e queda e também a pergunta na sequência: cai mais ou volta a subir?
A taxa de câmbio é a variável maisiçoeira em economia, com dificuldades expressas dos modelos econométricos conseguirem fazer uma previsão acurada. Em geral, entendemos a dinâmica dos movimentos de câmbio que já passaram, mas semper um exercício muito complexo. Há possibilidades, mas tão abertas que o risco sempre é muito grande de querer um número. De qualquer maneira, é possível entendermos o que está neste momento com o câmbio e há algumas razões que explicam a queda.
Em primeiro lugar, o forte diferencial de juros atrai capital de curto prazo. Com a Selic ainda está chegando, podendo chegar de 13% nas próximas reuniões, e apenas agora o Federal Reserve sinalizando Ativando, o diferencial de juros é mais favorável para o Brasil. A taxa brasileira subiu com muito mais intensidade do que a americana e isso ajuda a explicar a entrada de capital de curto prazo.
Em relação às commodities, as preços são confirmadas com o câmbio. Não foi assim nos últimos anos como vemos no gráfico 1, em que tanto o câmbio quanto os preços subiram com intensidade. Isso corrige a resposta equivocada do governo à pandemia de controle fiscal que se seguirá em 2021, culminando com a regra do teto no segundo semestre. Com as commodities respondendo por cerca de 40% do PIB brasileiro, a alta de seus preços ajuda a aumentar a balança comercial e atrair investimentos, inclusive em Bolsa para as empresas do setor.

O terceiro fator permite que o segundo aconteça. Este é simplesmente a percepção de política que há calmaria na política fiscal e na própria neste momento. Há um compasso de espera em relação à eleição que tira pressão da política neste momento. Em palavras, nada pode ser pior do que outras quebras a regra do teto como foi feito ano passado. Mas mais do que isso, há resultados positivos no âmbito fiscal também neste começo de ano que decorre das commodities. A forte expansão dos preços em reais do setor 2 aumentar dos preços a coleção (gráfico).

Exercício econômico mostra o peso bastante forte do PIB e das commodities para explicar a arrecadação tão forte nos últimos meses. O fiscal está longo de ser resolvido, mas esse presente de curto prazo ajudará a tirar de uma política que foi tão mal pressão mantida nos últimos anos. A política em calmaria ajuda a normalizar a relação de câmbio com outras variáveis.
Por fim, a guerra da Ucrânia tirou a Rússia do radar dos investidores. O sistema financeiro realocar seu portfólio e nada mais interessante do que ter um Brasil com três condições anteriores apto a receber capital em um momento de tanta turbulência no Leste Europeu. Reforça a ideia do Brasil será um atrator importante de capital pelo peso das commodities, tanto os alimentos como energia, que serão essenciais cada vez mais nos próximos anos.
Olhando para a frente, os dois últimos pontos podem mudar. Há muita turbulência política pela frente por conta da eleição que, possivelmente, será disputada. E a guerra da Ucrânia poderá sair do patamar de guerra quente para a guerra fria entre o Ocidente e a Rússia, que tira um pouco de pressão, acomoda commodities e eventualmente normaliza como flutuações de capitais que estamos vendo agora. Não esqueça que é de interesse do Ocidente que a Rússia não se desintegrou totalmente, pois o Ocidente é uma força nuclear que não pode ser abandonada totalmente em decadência pelos riscos que traz ao próprio Ocidente.
Sendo isto verdade, há dúvidas se o câmbio seguirá trajetória de queda ou se ele não voltará para cima de 5 no segundo semestre, especialmente com um cenário político tão turbulento. Mais um ponto de problema para o próximo presidente.
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