Em entrevista, ativista fala sobre dificuldades enfrentadas pelos autistas no Brasil. Para ele, “o preconceito tem nome: capacitismo”. Desenhista, funcionário do Ministério Público do Estado de São Paulo e estudante de gestão pública da Universidade de São Paulo (USP), William de Jesus Silva tem 28 anos e é um ferrenho crítico do capacitismo.
Este é o nome que se dá para o preconceito e o preconceito social contra deficiência — por conta da ideia de que a ausência de deficiências é rotulada como “normal”.
Diagnosticado com já militante na adolescência, Silva se tornou um estudo para o estudo diverso, um direito que garantam uma inserção plena dos chamados “neurodivergentes” nos trabalhos e no mercado de trabalho.
“Na maioria dos estabelecimentos de ensino, a partir da básica, falta muita coisa. Principalmente:, comunicação alternativa, tratamento acústico adequado para as edificações, salas com número de alunos, distribuição de bloqueadores de ruído, uso de uma linguagem direta e um atendimento adequado para os trabalhadores, para que lidem com nossas necessidades”, elenca ele .
Silva é diretor de mobilização da Associação Brasileira para Ação pelos Direitos das Pessoas Autistas (Abraça) e integra o coletivo autista da USP, o mais antigo grupo universitário do tipo no Brasil.
Em entrevista à DW Brasil, ele destacou dois marcos importantes na luta recente pela inserção dos autistas na sociedade — a Lei 12.764, de 2012, que oficialmente considerou essas pessoas, para efeitos legais, deficientes; e, anteriormente, o Brasil a liberdade de Organização das Nações Unidas reconhecendo direitos e fundamentos dos autistas, que no ganhou status de emenda constitucional.
Neste sábado (02/04), celebra-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
DW Brasil: Como você avalia o avanço da inclusão dos autistas no Brasil nos últimos anos?
William de Jesus Silva: Foram poucas mas alterações, pelo menos no plano jurídico formal. Destaque a Lei 12.764, Lei de 2012, e também de Especialização da Lei da ONU 2008, que aqui não ganhou status de emenda constitucional. Foram avanços, mas ainda tímidos como demandas da classe trabalhadora autista.
Emboramos instrumentos jurídicos possamos cobrar nossos direitos, ainda temos para como coadjuvantes. O Estado e a sociedade ainda nos tratam como otários, como párias. A gente está lutando para resolver essa lógica, mas eles não são porque são tão sérios os pais e especialistas, porque eles são verdadeiros porque são verdadeiros, porque os autistas são mais verdadeiros em ouvir diretamente, como as pessoas autistas.
Tão importante, é fundamental destacar que os LGBT, os autistas pretos e as mulheres autistas acabam sendo massou o pão que o, desconsiderados e isso negligenciados, muitos acabam sofrendo uma multiplicidade, sofrendo opressão e alvos fáceis de famílias tóxicas. Isso é uma coisa que precisa mudar. É preciso uma abordagem intersecional.
A gente precisa trabalhar pelo conjunto. O autismo vai muito além de crianças brancas de classe média do sexo masculino. Esse é um estereótipo estúpido, capacitista e machista que precisa ser destruído.
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo contribui para diminuir o tabu sobre o tema?
O 2 de virou uma data demagógica e abril de falso moralismo. Tornou-se palanque para neurotípicos [rótulo para pessoas que não apresentam nenhuma neurodivergência] Ganhar em i às nossas coisas e reforço em falsos estereótipos a nosso respeito. […] Por outro lado, institucionalmente, é um dado importante no processo de combate ao capacitismo.
Há muito preconceito contra o autista no Brasil?
Esse preconceito tem nome: capacitismo. É óbvio que tem. E sempre vai existir. O capacitismo está para nós assim como o racismo está para os povos pretos — e eu me incluo nesse recorte porque eu sou um homem cisgênero preto com deficiência —, a LGBTfobia está para a comunidade LGBT… São também formas de opressão diferentes, com características próprias para cada grupo social marginalizado. O que acabando com os tabus são os pressupostos que reforçam o capacitismo. O falso moralismo e a demagogia.
Você já foi alvo de preconceito?
vezes, já até perdi a conta. Ainda sou discriminado em alguns momentos. Não posso ser hipócrita em dizer que não. Porrada a gente sempre vai tomar do sistema. Já até negaram que eu fosse autista. É um preconceito estrutural. Certa vez houve ‘dar uma aula’ sobre autismo após meus colegas da USP passar por situações de capacitismo, muitas delas bem sutis, imperceptíveis até.
Como as crianças autistas podem ser mais bem incorporadas na sociedade? O que pode ser feito para melhorar essa inclusão?
Não é só o tripé educação, saúde e assistência social, no qual ainda não estamos 100% inseridos. É tudo [que se faz necessário]. principalmente no ensino superior, no mercado de trabalho. O coletivo autista da USP, do qual eu sou membro, e outros coletivos de estudantes autistas do Brasil, vêm batalhando pelo acesso e permanência de estudantes neurodivergentes no ensino superior.
Na maioria dos estabelecimentos de ensino, a partir da educação básica, falta muita coisa. Principalmente:, comunicação alternativa, tratamento acústico adequado para as edificações, salas com número de alunos, distribuição de bloqueadores de ruído, uso de uma linguagem direta e um bom atendimento para os trabalhadores, para que lidem com nossas necessidades.
O que pode ser feito para melhorar essa inclusão?
O Estado deve priorizar em políticas que sejam a pessoa autista ser dona de sua própria história. Falo de um plano de vida, que incluiu a inclusão, um apoiador do lado. Para que o autista seja protagonista dos processos decisórios que envolvem sua vida. E tenha direito ao controle sobre o próprio corpo, que é um tema tabu ainda dentro da comunidade do autismo, porque suscita temas como direitos sexuais reprodutivos, a questão da violência sexual contra mulheres autistas, entre outras coisas. Além disso, é preciso investir na conscientização da classe trabalhadora e de um combate enérgico ao claroismo.
O capacitismo ser exemplo combatido por uma via de mão de conscientização dupla: é preciso também fazer a prática da conscientização da população, que não tornam seus ambientes acessíveis, não devem ser razoáveis, os médicos que se negam a dar avaliações para autistas, as famílias s… Enfim, há uma série de medidas a serem adotadas.
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