
O governador de São Paulo João Doria (PSDB) deve anunciar hoje (31) a resistência da sua candidatura à República nas este ano.
Ao contrário de outros postulantes à vaga, a pré-candidatura de Doria já era tida como certa, já que foi ele quem venceu como prévias do PSDB no fim do ano passado, em uma disputada com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
A desistência do tucano vem na data limite — ele teria até esta sexta-feira (1º) para renunciar ao cargo em São Paulo. A partir do próximo sábado (2), o país estará a seis meses do primeiro turno eleitoral.
A saída de Doria — e a possibilidade do PSDB não ter um candidato próprio — já mostra, de forma única, que uma escolha deste ano deve guardar surpresas até o final.
O cenário hoje é bastante diferente de 2018, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL)até então um deputado federal do “baixo clero”, surpreendeu o mundo político e venceu o pleito, impulsionado por um discurso de outsider propagado, sobretudo, pelas redes sociais.
O ex-presidente Lula (PT)na época em segunda instância e preso em Curitiba (PR), deixou de disputar as mudanças, sendo substituído às primeiras por seu ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddadque dividiu chapa com Manuela D’Ávila (PCdoB).
Na ocasião, Bolsonaro venceu uma eleição já bastante polarizada, por pouco mais de 10 milhões de votos. Quatro anos depois, no entanto, bastante coisa mudou: Lula, então inelegível, foi solto e conseguiu anular suas condenações.
Sérgio Moro (Podemos), ex-juiz e seu principal algoritmo, abriu mão da carreira na magistratura, integrou o governo Bolsonaro como ministro da Justiça e Segurança Pública e desembarcou ainda em 2020, acusando o ex-chefe de interferir na Polícia Federal para proteger aliados e familiares, além de fazer corpo mole no combate ao combateo – a principal bandeira de Mor. Hoje ele desponta como o nome mais relevante da chamada “terceira via”, que se apresenta como uma alternativa aos dois principais candidatos.
Geraldo Alckmin, um dos fundadores do PSDB e tucano a vida toda, deixou uma legenda em dezembro do ano passado para se filiar ao PSB de Márcio França, ora seu vice. Tudo indica que ele será o vice na chapa de Lula.
O casamento inusitado por ambas as partes com um discurso que é a defesa da democracia e o mandato atual da força de luta para lutar um novo.
OS “reviravolta no roteiro” não param por aí. Isso porque a resistência de João Doria pode ser só o começo: a tal da terceira via discute uma possibilidade de lançamento uma só candidatura. Além de Moro, figuras como Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante) e mesmo Ciro Gomes (PDT) disputam esse lugar.
Outros nomes até pouco tempo atrás especulados, como o presidente do Congresso Nacionalsenador Rodrigo Pacheco (DEM)e do senador Alessandro Vieira (PSDB, ex-Cidadania)já anunciaram publicamente que não entrarão na disputa pelo Executivo.
Lula já está com uma eleição ganha?

Todas as pesquisas têm mostrado o mesmo cenário, com pequenas eleições: Lula lidera a eleição na casa dos 40% das tentativas de voto mais seguidos de Bolsonaro, com pouco de 20%. Sergio Moro e Ciro Gomes ficam em terceiro e quarto lugar, com um dígito de intenções.
Mesmo a seis meses da eleição, é difícil pensar em um segundo turno que seja diferente do embate Lula e Bolsonaro. No entanto, ainda é cedo para acreditar que a disputa está ganha.
Creomar de Souza, cientista político, CEO da Dharma Politics e professor da Universidade de Brasília (UnB), lembra que ainda há muito o que acontecerá. Em janeiro, por exemplo, quem, como parte dos petistas, especulasse que a eleição seria decidida já no primeiro turno, hoje possivelmente como pouco provável.
“A gente está chegando aqui com os dados que temos hoje. A tendência que se alimenta com a fotografia que temos hoje é que nós teremos uma eleição com cara de plebiscito, um plebiscito que vai definir qual será o destaque que será a maior nos próximos quatro anos, se será o antipetismo ou o antibolsonarismo. Isso me parece ser mais importante do que os próprios candidatos”, explica Creomar.
Por isso, para o cientista político, dizer que a eleição ganha é muito mais um exercício de militância política do que de. “Falo isso de maneira muito convicta: é muito cedo para um prognóstico sobre quem será o vencedor. Os estatísticos nem demonstram a tendência de uma eleição de Lula contra Bolsonaro, com o ‘estrangulamento’ de qualquer outro candidato da terceira via, que a gente dados de ‘nem’ — nem um”.
Ele ainda que ambos os candidatos e possuem “teto de vidro”, com seus trunfos e polêmicas, que muita coisa pode mudar até lá, que muita coisa pode ser na eleição de 2014, que inicialmente desenhava um embate entre tal como foi na eleição de 2014, que inicialmente desenhava um embate entre tal como foi na eleição de 2014 Dilma Rousseff e Marina Silva.
“A gente também pode causar acidentes com esses fenômenos, como por exemplo a própria fachada [que Bolsonaro levou durante um dia de campanha em Minas Gerais, às vésperas do primeiro turno da eleição de 2018] que mudou o panorama eleitoral. Não consigo traçar um prognóstico. Lula ainda não apareceu [oficialmente] em termos de campanha. Quando Lula começar a fazer campanha de verdade, seu resultado eleitoral pode aumentar ainda mais porque ele está de fato fazendo campanha, mas pode ter um efeito reverso também”.
Lara, cientista política especialista mesqui e professora na Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo (FESP), concorda que é difícil fazer conjecturas. No entanto, o cenário de segundo turno deve ser, de fato, o que se apresenta.
“É muito pouco provável que um candidato que não seja bem posicionado nas pesquisas chegue entre os dois primeiros lugares no primeiro outubro. Pensando com o que a gente aprende nas anteriores, a probabilidade é pequena”.
Ela que Bolsonaro tem feito e mirado em ações que são de forte apelo eleitoral e que podem, desta forma, surtir efeito nas urnas, como é o de transferir, buscar diminuir os efeitos da inflação hoje, acima da meta — para a população ou mesmo olhar para o preço dos combustíveis.
Por isso, isso pode melhorar ainda mais sua imagem de algum outro lado, mas também pode causar um grande efeito negativo. O mais recente resultou na saída de Milton Ribeiro faça o comando faça Ministério da Educação.
Em áudios divulgados pelo jornal folha de sao pauloo ex-titular do MEC diziar verbas do FNDE repassado por pastores, atendendo a uma solicitação do próprio presidente Jair Bolsonaro.
Compromisso com a eleição
As pesquisas de intenção de voto também indicam um número baixo de nulos e brancos. Na última eleição, se somados com as abstenções, foi o maior índice desde 1989.
Creomar avalia que esta é uma eleição que deve engajar or, visto que ambos os candidatos despertam “paixões”. Por isso, é muito possível que um coopte um bom número de votos apenas porque o intuito do eleitor seja impedir que seu rival vença.
Já Lara acredita que é importante olhar os números com cuidado, até porque eles não citam como futuras abstenções. Além disso, as pesquisas são feitas com um grupo de mulheres que pensam, via de regra. Ou seja, é difícil cravar que o comparecimento às urnas será maior este ano do que foi em 2018.
“Nos últimos anos, se falou muito sobre a importância da democracia. Do outro, a gente vê um grupo que está muito mobilizado desde a eleição de 2018, de apoiadores do presidente Bolsonaro que nunca se desmobilizaram. Ele ficou em campanha durante todo o seu mandato, consegue manter seu eleitorado muito mobilizado.
Como fica o PSDB na eleição agora?

Antes protagonista nas descobertas, hoje o PSDB se mostra com menos força política, pelo menos quando o assunto é o Planalto.
Antagonizando com o Partido dos Trabalhadores desde a redemocratização, os tucanos disputaram a presidente com os petistas em 1994 e 1998 (Lula x FHC), 2002 (Lula x Serra), 2006 (Lula x Geraldo Alckmin), 2010 (Dilma x José Serra) e 2014 (Dilma x Aécio Neves).
O PT perdeu contra Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998, quando o ex-presidente venceu Lula ainda no primeiro turno, sustentado pelo prestígio de sua derrotado a hiperinflação com o Plano Real, lançado em 1994. Depois disso, o PSDB perdeu em todas as como isso.
A saída provável de Doria da corrida eleitoral é a legenda perde o fôlego mais um sinal de gerais. Ainda assim, nenhum dos nomes — tanto de Doria como o de Eduardo Leite — performa bem nas pesquisas. O governador de São Paulo tem hoje, no máximo, 3% das intenções de voto.
Para Creomar, deve-se analisar o processo de degradação que pode levar ao desaparecimento da legenda como força competitiva. “[O processo] começou em 2014, com a derrota e Aécio Neves, e mesmo o próprio João Doria, que flertou com a antitipolítica, fazendo campanha dizendo não ser político, e sim gestor. Essa ideia não se sustenta na realidade. É fazer impossível política sem ser político”.
O pesquisador acrescenta que “o PSDB perdeu aquele voto técnico, da classe média, que queria votar em políticos técnicos. E deixou de ser a força do antipetismo, a primeira escolha. Essa degradação resultou na saída de tucanos históricos”.
É o caso de Geraldo Alckmin, figura histórica do tucanato, governador de São Paulo por três mandatários como titular e por um mandante como vice de Mário Covas, além de ter sido um dos fundadores do partido. Hoje ele se alia a Lula, a quem te elogiou no dia da sua filiação ao PSBdizendo que o petista “reflete a esperança”.
“O que me aprece até aqui é o ex-presidente Lula construir uma chapa com instrumentos de governabilidade. Em termos de controle, ele tenta reeditar o normal de uma campanha presidencial, mesmo que migre para uma posição mais de centro para conseguir o maior número de opções possíveis”, analisa Creomar.
“Em 2018, Bolsonaro conseguiu viabilizar liberais, neomilitares e outros uma coalizão eleitoral. Mas em 2022, alguns desses agrupamentos não estarão no seu palanque. É uma eleição em cada voto vai contar, e a leitura do ex-presidente Lula é que ele precisa do maior arco de alianças possível para chegar ao Planalto”, conclui o cientista político.
No Comment! Be the first one.