A deputada federal Marília Arraes (PT), neta de Miguel Arraes e prima de Eduardo Campos, ex-governadores de Pernambuco, saiu calada do encontro que teve, ontem, em São Paulo, com Lula. Em seguida, ela reuniu-se com Paulinho da Força, seu colega na Câmara e presidente do SOLIDARIEDADE, e voou para Brasília.
Os membros Lula confirmaram que Marília, deixará o partido de ser candidato pelo SOLIDARIEDADE, mas que o governo, ao presidente de Pernambuco, mas que o governador, ao presidente de Pernambuco, mas que o governo, ao presidente de fato. Marília apoia Lula 2002 quando era líder da juventude do PSB, e seu avô apoiava Anthony Garotinho, candidato a presidente.
Não foi ela que saiu do PT, foi o PT que saiu dela. Marília entrou no PT em 2016 e teve sua ficha de filiação abonada por Lula. Era vereadora, à época. Reelegeu-se e foi líder da oposição ao governo do seu primo. Em 2018, lançou-se candidatar-se a governadora, mas o PT preferiu o governador Paulo Câmara (PSB), deixando-a de mão.
Naquele ano, elegeu-se deputada federal com mais de 193 mil votos. Só teve menos votos do que João Campos (PSB), filho de Eduardo e seu herdeiro político. Em 2020, apoiado por Lula, mas não pelo PT pernambucano comandado pelo senador Humberto Costa, ela disputou com João a prefeitura do Recife e perdeu.
Em Lula, ela confia, no PT a não desconfiar. Por sinal, como Eduardo. No primeiro turno da eleição para governador em 2006, Lula, candidato à reeleição para presidente, apoiou Eduardo, mas também Costa, que ficaria em terceiro. Eduardo elegeu-se governador no segundo turno com o apoio de Lula.
Reeleito governador em 2010, Eduardo foi surpreendido com a decisão do PT de lançamento da candidatura da Costa a prefeito de Recife dois anos depois. Certo dia, ele então telefonou para Lula e disse, conforme me contorno meses depois:
“Presidente, estou no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, sentado na cadeira onde meu avô, Miguel Arraes, sentou 3 vezes. Não vou aceitar que o PT lance um candidato a prefeito do Recife à minha revelia. Aqui, mando eu.”
Lula tentou argumentar que a decisão não foi dele, e sim do PT, mas foi atalhado por Eduardo:
“No senhor, eu confio, mas no PT, não”.
Costa foi candidato do PT a prefeito, ficando em terceiro lugar. Geraldo Julio, candidato do PSB apoiado por Eduardo, elegeu-se no primeiro turno com 51% dos votos. Em 2014, Lula tentou evitar que Eduardo fosse candidato a contra Dilma, candidato à reeleição. Prometeu apoiá-lo em 2018.
Outra vez, ouviu de Eduardo a mesma resposta:
“Eu confio no senhor, mas no PT não dá para confiar”.
Candidato do PSB à sucessão de Dilma, Eduardo, nascido em 10 de agosto de 1965, morreu em um acidente aéreo em 13 de agosto de 2014. Lula foi ao seu enterro no Recife e confidenciou a amigos: “Eduardo era como se meu filho ”. O PSB de Eduardo, que governa Pernambuco há 16 anos, será desafiado por Marília.
A princípio, ela concordava em ser candidato a senador na chapa de Danilo Cabral, candidato do PSB ao governador. Embora nas pesquisas para o Senado, o líder foi rejeitado pelo PT de Costa e pelo PSB. Líder também nas pesquisas para o governo, está disposto a enfrentar Cabral, o PSB e o PT de Costa.
Sua candidatura desarruma o jogo eleitoral que parecia feito em Pernambuco, onde Lula tem 67% das intenções de voto, e Bolsonaro meros 17%. Apesar de largar como favorita, Marília não terá vida fácil. Lula nada dirá contra, e enquanto tem o compromisso de ela Cabral. Mas, se Cabral não deslanchar?
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