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Muito antes de o Telegram virar caso de polícia, havia o telegrama, eficiente ferramenta dos Correios para comunicações rápidas. Especial para mensagens curtas, de informações precisas, o telegrama é precursor do WhatsApp. Coisa do século passado. Dava match, dava ruim. Como sempre.
Via telegrama:
- Da amante para o amante: “Amo você mesmo. E agora?”
Quem abre o telegrama? A esposa do amante. Deu ruim.
O casamento dele, claro, foi pro espaço. O romance extracurricular ganhou status de oficial, até que a vida descomunicou a dupla. Sem telegrama.
- A moça conhece o moço quando tratava de um trabalho. Sorrisos, troca de telefones. Ponto.
Passa um tempo, a moça tem sonho curioso com o moço já assentado no seu radar. Telefona e relata: “Então… sonhei que você tinha esquecido um paletó comigo e eu estava aflita pra devolver”.
Às gargalhadas, o moço renega a peça. Não tem espaço no seu armário. Conversa rápida.
Dia seguinte, a moça recebe telegrama com etiqueta de urgente: “ Laura, devolva o meu paletó!”
Deu match. O telegrama, senha para o encontro, enredou caso de amor. Sem paletó. Sempre.
O tempo passa. O mundo muda. Os humanos de muitos gêneros, raça, pele, crença e descrença seguem trocando informações e mensagens de sonhos, pesares, risos, raiva, amores. O repertório de comunicação muda de ferramenta, mas não os humanos mensageiros e seus sentimentos – às vezes, desumanos.
Pelo telefone.
Mocinha, na vigência dos melhores hormônios, junta amigas na madrugada, pra criar coragem, ligar e declarar todo o seu amor pelo ex. No estilo é agora ou nunca, capricha na sofrência: “Você é o amor da minha vida…” E por aí foi.
Do outro lado da linha, um bocejo da vitima, indevidamente acordada, e a resposta: Eita! Tá de bobes* na cabeça?
Traduzindo: Que preguice é essa?
Cruel e preciso.
Comunicação digital. E sua excelência, o e-mail.
- Na madrugada. (Porque essas M só fazemos de madrugada). O moço, em momento de recaída, vai ao computador e dispara e-mail bolerão, para a ex: “A lá Martin Luther King, tenho um sonho… que a gente se entenda, que a gente reencontre o amor…” E blá,blá,blá,blá.
Dia seguinte, já arrependido, o moço abre o computador. Tá lá a resposta: “Com todo respeito, isso pra mim é pesadelo. A fila andou”.
Doeu. Mas virou história.
- O moço prometeu ligar e nada daquele telefone tocar. Ansiosa e tentando não ser invasiva, a moça dispara e-mail curto: “Aqui esperando sua ligação…”
Meio minuto e a resposta pinta na tela: “Tem sofá em casa? É bem confortável? Desfrute.”
Podia ser pior. Só: “Espere sentada”. Foi mal. É causo.
Quase Fake News
A moça queria arranjar um jeito de vigiar o namorado que, suspeitava, não era o mais fiel do mundo. A amiga, já safa na internet, ensina: Cria um e-mail falso e, baseada no que conhece dele, joga iscas e vê se desenrola amizade.
A desconfiada monta a armadilha que conta até com foto – claro, emprestada por uma amiga da amiga. A comunicação ainda não somava som e imagem.
O primeiro fake e-mail já mereceu resposta. A “amizade” foi desenrolando de bem à melhor. Vira namoro on-line e o peixe fisgado propõe encontro em Madrid.
Injuriada, a falsiane liga pra amiga: “Tô com ódio da Isabel”! ( A Isabel em questão era o nickname da personagem-isca).
Amiga: Isabel é você, sua louca!
A moça: Mas ele acha Ela mais interessante do que eu!
A amiga: Mas Ela é você!
A moça: Mas essa Eu, que inventei, é muito melhor do que Eu eu! Ele nunca propôs encontro internacional comigo!
Tem louco pra tudo.
No WhatsApp:
1.A filha dormiu na casa materna e foi-se de manhã, sem despedida. Horas depois, manda zap rápido para mãe abandonada: “Tudo bem?”
Mamãe responde: “Acordei, não vi vc em casa e me deu depressão profunda. Chorei um pouco, peguei a lista de compras e encarei supermercado. 500 contos depois, tô ótima!”
- A filha, do seu quarto, dispara zap de perguntinha simples pra mãe: “Tem pinça?”
Resposta da mãe sendo mãe: “Tô aki procurando, mas como nesta casa ninguém respeita meu espaço, e vcs mexem em tudo no meu banheiro, tiram as coisas do lugar e não devolvem, claro que não acho pinça nenhuma.”
- Pedido de ajuda no grupo da irmãos e irmãs: “Bom dia! Dei uma travada na segunda e ainda não melhorei. A Marilda não vem hj. Suspeita de Covid nos filhos. A Zequinha tá aki desde ontem, mas vai embora às 17h. Alguém pode dormir aki hj pra cuidar da mamãe?”
Resposta? … Silêncio do grupo por dias e dias.
Chamadas com vídeo. Primeiros tempos.
Em dia de ser proativa, a moça acorda cedo, lembra que é aniversário do chefe, um respeitável e solene senhor.
Depois do café, no banheiro, ainda de pijaminha vermelho de bolinhas brancas, resolve ligar pra adiantar a vida.
Chamada feita e atendida. Começa a fala de parabéns: “Bom dia! Ta vendo, lembrei-me do senhor logo cedo…”
O parabenizado interrompe e indaga:
“Mas… do vaso?”
Pânico. Depois crise de riso. Fazer o quê?
A ligação, feita com som e imagem, pelo, então, novíssimo FaceTime, estava ótima. Com a moça, feliz da vida, sentadinha no trono.
Tânia Fusco é jornalista
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