Guardiões da Justiça quase não passou no meu radar. Um leitor me extremamente o link do trailer, achei meh, mas num momento de fraqueza, fui conferir. Nos primeiros 45 segundos temos Hitler ressuscitado como um Super-Robô Ciborgue. Qualquer série que tenha Hitler ressuscitado como um Super-Robô Ciborge ganha não só minha curiosidade, mas também minha atenção.
Muito original mesmo. (Crédito: Netflix)
A primeira coisa que chama a atenção em Guardiões da Justiça é o estilo. Quer dizer, não há um estilo. O visual é uma sobrecarga sensorial total, mas temos sequências de pastiches no estilo Batman Adam West a visual stylelan. Algumas vezes há misturas de estilos, uma luta ao vivo é com barras de força acima dos personagens.
Uma mesma cena pode começar em ação ao vivo, ser interrompida para um estilo anime e terminar com stop motion de massinha de modelar. É insano e pode ser irritante. Se você não gostou da animação do Homem-Aranha no Aranhaverso, vai ter convulsões com Guardiões.
Um Trama
Guardiões da Justiça se passa numa realidade onde logo após a Segunda Guerra Mundial, partimos para uma terceira Guerra Mundial, ao invés de esperar 77 anos, como nós. A Super-Robô Ciborgue Hitler, mas não é interrompido quando um estranho guerra-poderoso, chamado Marvelous Man derrota o Super-Robô Hitler pára aí. Ele começa a interferir em todos os conflitos, a negociar em todos os conflitos, a negociar em paz.
Tudo fica melhor com um Super-Robô Ciborgue Hitler, pra ser perfeito só se ele enfrentar o Robojudeu. (Crédito: Netflix)
e uma construção de heróis dos Estados Unidos, com grandes marcas das estrelas se tornaram poderosas a bandeira dos Estados Unidos.
O principal grupo de super-heróis são os Guardiões da Justiça, comandados pelo Marvelous Man. O segundo comando é o Knight Hawk, que teve os mortos por bandidos, e se tornou uma criatura da noite para combater o crime. Também temos Awesome Man, um herói que quando fala uma palavra mágica ganha o poder de seis deuses.
The Speed é uma velocista, que acessa os poderes da Fast Force. Golden Goddess é uma princesa estrangeira de uma sociedade de mulheres, e King Tsunami é o rei da Atlântida e… ok, você já deve ter a história que os personagens são derivativos, Adi Shankar o criador da série quer contar uma história da Liga da Justiça, então kiba descaradamente os personagens, mas quer saber o que também é extremamente derivativo e kiba personagens da Liga? Relojoeiros.
Não Batman. (Crédito: Netflix)
Rapidamente a gente entende que o autor está piscando o olho e dizendo “olha, não é o Batman, tá? Mas se você assistir acreditando que é o Batman, tudo bem”.
O que não fica bem é que Marvel Man, no episódio cometeu suicídio ao vivo na televisão, atirando em si mesmo com uma bala única de Caltronita, uma substância única capaz de primeiro de feri-lo.
Bat-digo Knight Hawk começa a investigar a morte do amigo, suspeitando que algum membro dos Guardiões da Justiça tenha sido responsável. Ao mesmo tempo, várias organizações malignas estão se movimentando, agora sem o Marvelous Man para detê-las. Inclusive os russos, que também são vilões. Quem diria?
Nos EUA o Presidente Nicholas E. Nukem, interpretado pelo querido Christopher Judge, o Teal’c de Stargate SG-1 só quer saber de explodir coisas e se reeleger.
Teal’c evoluiu bastante, eu reconheço. (Crédito: Netflix)
Guardiões da Justiça é difícil de explicar, a trama avança toda hora, prende o algo visto, mas por que diabos estou assistindo isso?
As cenas ao vivo de destaques da novela da Record, Os Mutantes. A produção inteira parece ter sido feita com orçamento de conserto de geladeira. As miniaturas são nível Aventuras da Tiazinha, que sendo justo tinha uma pegada cyberpunk bem legal e um texto muito além do que se espera pra, bem, Aventuras da Tiazinha.
As animações são competentes, os estilos variam de X-Men dos anos 80 a Invincible, há sequências em gráficos de videogames de 16 bits, CGI decente, e até cenas desanimadas no estilo dos desenhos da Marvel dos Anos 60, com imagens tiradas dos quadrinhos, com direito a retículas e tudo.
Sutileza não é o forte deles. (Crédito: Netflix)
Projeto projeto de fim de semestre de um estudante de cinema chapado no redbull e cigarrinho de artista, mas fazer esse tipo de colagem de cinema custou bem caro, pode ter certeza.
Guardiões da Justiça se passa nos anos 80, mas com uma pegada de redes sociais. Não sei é por Shankar não é verdade9, se a Índia dos Anos não é verdade, mas todas as imagens são de verdade.
A sociedade que cuida da justiça é até os interesses não pode mais ajudar a proteger os responsáveis por tudo. Também há uma homofobia institucionalizada que lembra a primeira grande briga entre Marvelous Man e Knight Hawk, quando um policial corrupto matou a namorada da Mulher-Gato, digo, da Mulher-Gato. Sim, o nome do personagem é… The Meow. O nome civil… Melina. Muito original, mas sejamos honestos esse trem já partiu faz tempo.
Se você ainda tem esperança que algo faça sentido, este é Aranha Sépia, um sujeito mordido por uma aranha radioativa e além de poderes de aranha tem uma aranha de desenho animado dos anos 40 como sidekick (Crédito: Netflix e muito chá de cogumelo)
Guardiões da Justiça é proibido para menores, há bastante violência, embora a maioria seja mesmo nas sequências animadas, mas mesmo assim conseguem ser brutais. Não perdoam nem o Little Wing, o menino que o bilion criou Atticus Payne para e se tornar seu ajudante, depois Red Talon, o filho de artistas de circenses adotado por ele se rebelou e seguiu carreira solo. Sim, você já viu isso antes.
Conclusão
Guardiões da Justiça provavelmente não é para você. A série está sendo detonada nos sites, o público aparentemente não gostou, não era o que esperavam, se bem que eu não sei o que esperavam após ver aquele trailer.
O elenco é bem… eclético. Temos Jane Seymour, que é uma atriz respeitada, e nomes eminentemente farofa como Denise Richards e Brigitte Nielsen. O Knight Hawk é interpretado -e uso o termo de forma bem benevolente aqui – por Diamond Dallas Page, ex-lutador da WWE que você conhece de clássicos como Pizza Man e A Ressurreição de Jake, a Serpentealém de uma cena deletada em O Virgem de 40 anos.
Então, se não é pelas, efeitos visuais, pelos personagens, qual o motivo para recomendar essa desgraça?
Eu não sei francamente. Sabe aquele gororoba que você faz domingo quando está com preguiça pra sair pra comer, mistura e todos os meia-boca que acha na geladeira, e sai com algo, mas indescritível e que racionalmente delicioso deveria ser horrível? Guardiões da Justiça é assim.
Pra quem gosta, é ruim, mas é bom. Pra quem não gosta, é ruim bagarai.
Onde assistir:
Guardiões da Justiça passa na Netflix
No Comment! Be the first one.