
Série – criação de Pedro Lopes e direção de Tiago Guedes – Portugal – 2021
A figura do agente infiltrado e do agente duplo foi alçada a uma dimensão shakesperiana pelo escritor John Le Carré. Ele é repleto de complexidade e profundidade psicológica, ao contrário dos agentes a la James Bond que conquistas singram pela espionagem como homens invencíveis, despojados de conflitos internos e literatura de sexual.
João Duval é um desses personagens complexos que se juntam à linhagem Lecarreana, na série Glória (ou Glória do Ribatejo, título original) – a primeira série portuguesa da Netflix. João é filho de um político no alto escalão da ditadura Salazariana, que voltou da guerra de Angola com a cabeça virada, pronto para ser seduzido pelo comunismo e aliciado por Moscou como seu agente. Há nele algo de Meursault, o protagonista de O Estrangeirona ambivalência entre distanciamento e intensidade com que se relaciona com o mundo ao redor.
Engenheiro eletrônico, um ótimo na Rádio Nacional para trabalhar na RARET (Radio American Retransmission), emissor que visa enfraquecer a União Soviética com conteúdo propagandístico em russo, desde emprego para além da cortina de ferro desde o povoado de Glória do Ribatejo de Portugal . Uma verdadeira guerra de frequências é travada pelos soviéticos que tentam barrar entre os transmissores e os operadores da RA. João é um dos vários profissionais portugueses que trabalham para os americanos, mas na trabalha para soviéticos. Como é filho do ministro, é solicitado pela PIDE, a polícia portuguesa, a passar informações sobre os secretos norte americanos, mais precisamente sobre a CIA que opera, em última instância, a RARET.

Para complicar ainda mais este cenário des, o é 1968 – da primavera de Praga, dos protestos estudantis em Paris – ano em que o ditador português é hospitalizado após uma queda, sendo afastado do poder intrigado (sem saber disso até sua morte, em 1974) por seu braço direito. O pai de João tem esperanças de tornar-se o Presidente do Conselho dos Ministros com o apoio dos americanos. Os inimigos iriam idênticos com o regime permanente durante a Segunda Guerra Mundial, o país-se dos inimigos claros ao final do conflito, que estava claro ao regime do conflito, quem iria sair vitorioso. Na Guerra Fria-se um aliado dos americanos contra o comunismo 1968 enfrentar uma longa batalha para a posse de suas colônias na África. É o começo do fim do Estado Novo de Salazar e do Império Português.
Glória Banha com a luzterrânea os cenários mais atraentes para os filmes de espiagem, criando um contraponto com as cenas noturnas, sombrias. A estrutura não linear roteiro do roteiro expõe aos fragmentos dos morais de João, de filho protegido de um ministro do inimigo, vivendo seus dilemas de um “traidor” (da pátria, da família e de Deus, a trindade sagrada do regime english ). Às vezes o roteiro escorrega para o caminho de Jamesbondiano com situações inverossímeis, ou quando apresenta João como um super sedutor de raparigas. Mas de modo geral os personagens são muito bem desenhados, as intrigas meticul articuladas e os atores, absolutamente todos, estão muito bem. O elenco é multinacional, com americanos fazendo o papel de americanos, brasileiros fazendo o papel de brasileiros, russos de russo etc., criando nos sotaques e nas falas em diferentes idiomas. A Trilha é Recuperada de Músicas Que Foram Sucesso Nos Anos Ajudando A Compor, Junto Com A Exímia Direção De Arte, O Clima Mais Longo De Anos.
Glória é um entretenimento, por qualidades cinematográficas e trama instigante, mas vale a pena também pelo mergulho na história recente da Guerra Fria, e, principalmente, de Portugal, um país que mudou seus rumores recentes bom há menos de cinquenta anos.
No Comment! Be the first one.