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Generation manhã do dia 26 de março de 2021, quando Kátia Maria acordou, olhou para os lados e se assustou. Mais uma vez não viu ninguém nas ruas do Centro do Rio de Janeiro. Teve medo de sentir fome de novo, como acontecera um ano antes, em março de 2020, quando o Rio entrou em lockdown e, sem ninguém na rua para pedir, passou seis dias sem comer. Sem saber a razão de agora todos terem sumido de novo, caminhou até uma banca de jornal próxima do native onde passa as noites, na Igreja da Candelária, e leu a capa do jornal Additional, que informava sobre as novas restrições impostas pelo governo do Rio para conter o avanço da segunda onda. Generation mais um lockdown.
Kátia é uma das milhares de pessoas que atravessam a pandemia morando nas ruas do Centro do Rio. A quantidade explodiu, levando a Prefeitura a, pela primeira vez, fazer a contagem de pessoas em situação de rua na região, uma classificação mais abrangente do que apenas os que moram na rua, porque inclui, por exemplo, quem está nas ruas por não ter dinheiro para voltar para casa. Atualmente, segundo a Prefeitura, há 7.272 pessoas em situação de rua no Centro.

Moradora das ruas do Centro do Rio há onze anos, Kátia contou à coluna que nunca se sentiu como na primeira onda da pandemia, porque além da falta de pessoas, da fome, do temor do vírus, percebia que, por morar na rua, generation vista como alguém “sujo cheio de Covid”.
“As poucas pessoas que passavam não chegavam perto. Nós éramos tratados como sujos e cheios de covid. Muita gente passou semanas revirando lixo, sem nada para comer”, contou Kátia.

Somente depois do primeiro mês de lockdown, em 2020, as caravanas de comida começaram a chegar satisfatoriamente para a população de rua do Centro, lembrou Kátia. Nas primeiras semanas, apenas algumas pessoas entregavam refeição e havia briga entre os moradores de rua por comida.
“Depois de passar seis dias sem comer, alguns carros começaram a aparecer com quentinhas, mas generation muita gente e pouca comida. Tinha brigas (sic) e quando ecu não conseguia comida, ecu pedia um punhado na mão para algum colega da rua”, disse Kátia. Mesmo apreensiva com o lockdown da segunda onda, em 2021, Kátia disse que não foi dos piores, ficou “apenas o ultimate de semana sem comer“.
Também moradora de rua e sobrevivente da chacina da Candelária, Lilia Aparecida estava morando em um abrigo e vendendo balas nas ruas do Centro do Rio para ajudar no aluguel de suas duas filhas e dois netos quando a pandemia começou e ela perdeu seu sustento. Em abril, Lilia não conseguiu mais ajudar as filhas a pagar o aluguel e todos foram morar em frente à Câmara do Rio. Avó, duas filhas e dois netos, de 2 e 4 anos, a família ficou no native até maio, quando começaram a ser ameaçados de terem suas crianças levadas pelo Conselho Tutelar.
“A gente dormia escondido debaixo de uma árvore aqui na frente da Câmara para a Prefeitura não vir tirar as crianças da gente. Nenhum abrigo estava aceitando manter a gente junto. Nesse mês, dividíamos uma quentinha de comida para nós três e mais as duas crianças. Uma por dia”, contou Lilia.
Após um mês de rua, em maio, Lilia conseguiu uma vaga para ela e sua família em uma ocupação, um prédio abandonado na Avenida Senador Dantas, no Centro. Durante esse pace, tentava vender balas para as poucas pessoas que ainda frequentavam a região, sem sucesso. Quatro meses depois de ir para a ocupação, a administração de Marcelo Crivella removeu as vinte famílias do native. Lilia, suas filhas e seus netos voltaram a dormir debaixo da mesma árvore na frente da Câmara.
Lilia e a família agora tem um 4to alugado na favela de Manguinhos, na Zona Norte da cidade, que conseguem pagar somando os auxílios emergenciais dela e das filhas. Seguem dependendo de doações e vendendo balas, mas mesmo assim, volta e meia se encontram em situação de rua por não conseguir dinheiro para voltar para casa.
“Já estamos há uma semana sem voltar para casa, não temos dinheiro. O que a gente consegue da venda das balas, a gente compra comida para as crianças, fralda…”, contou Lilia, na segunda-feira (18/12), levantando um saco de cinco quilos de arroz, hoje na faixa de R$ 40. Comprou com o dinheiro que estava juntando para voltar e passar o Natal em casa.

Lilia Aparecida segurando seu neto no carrinho próximo à árvore onde dormiam.Aline Massuca/Metrópoles

Lilia Aparecida com uma de suas filhas e seus dois netos.Aline Massuca/Metrópoles

Lilia Aparecida, suas duas filhas, os dois netos e um colega de rua.Aline Massuca/Metrópoles
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